Quando você sai do Brasil, e gosta de futebol, é impossível não traçar paralelos entre o país que você vive. No meu caso, eu decidi comparar o futebol brasileiro com o polonês, e essa é a minha conclusão.
Te apresento a Ekstraklassa, o campeonato polonês, semelhante ao nosso Brasileirão. De início pode parecer pequeno aos olhos do Brasil, mas quando você entende o campeonato e as torcidas, percebe que compartilha muito da essência do nosso Brasileirão: rivalidades, dor de escalar, jogo bom (e ruim) até o fim, só que com suas próprias regras e limitações.

Vagas europeias: o caminho para a Champions vs. a Libertadores
Vamos primeiro falar de Champions League, os times poloneses têm vaga na Champions? Sim, mas não é tão simples.
No Brasil, a lógica é simples: a melhor parte do campeonato garante vaga direta para a Libertadores (a Champions das Américas), às vezes 4, 5, 6 clubes, dependendo do regulamento.

Na Polônia é diferente: o campeão nacional não vai direto para a fase de grupos da Champions League. Ele entra em fases qualificatórias (pré-Champions). Por que isso? Porque a UEFA distribui vagas conforme o peso de cada liga.
- Atualmente, ligas com grande peso como Inglaterra, Espanha, Alemanha, França e Itália conquistam 4 vagas diretas para a fase de grupos da Champions.
- Já a Polônia, como país de coeficiente mais modesto, tem apenas 1 vaga para entrar nas fases qualificatórias da Champions (pré-rodadas) para o campeão da Ekstraklassa.
- Em vez disso, os clubes que terminam logo abaixo (2º, 3º) vão para competições menores, como a Europa Conference League, que é o equivalente europeu da nossa Sul-Americana: uma copa continental menos prestigiada, mas ainda com visibilidade internacional.
Ou seja, diferente do Brasil, onde vários clubes entram direto na Libertadores ou em fases prévias, aqui só o campeão entra na luta pela Champions, e ainda assim começando lá atrás.
(O detalhe técnico: nas edições mais recentes da Champions, 29 clubes entram direto na fase de grupos a partir de suas ligas nacionais, e outras vagas são preenchidas via qualificatórias. UEFA.com)
Quem é quem: clubes poloneses e seus “gêmeos brasileiros”
A ideia aqui é dar nomes que façam sentido para quem conhece o Brasileirão, mesmo sabendo que é uma comparação imperfeita.

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Legia Warszawa → Clube da capital, com grandes ambições, torcida numerosa, presença constante nas competições europeias. Pode ser comparado a Flamengo, Corinthians, Palmeiras ou São Paulo.
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Lech Poznań → Grande fora da capital, sempre presente entre os favoritos. Tem história e torcida fiel, mas não carrega todos os holofotes de Varsóvia. Mistura de Santos, Grêmio e Atlético Mineiro.
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Wisła Kraków → Tradicionalíssimo, já viveu tempos de glória, mas enfrentou crises e até rebaixamentos. Pode lembrar Cruzeiro ou até mesmo Santos pelo peso histórico.
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Raków Częstochowa → A revelação recente. Subiu, ganhou campeonato e vem encarando os grandes. Comparável ao Athletico Paranaense ou até Fortaleza.
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Górnik Zabrze → Clube do sul da Polônia, com tradição e glórias no passado, mas que hoje não reina sozinho. Pode ser visto como um Internacional ou um Vasco.
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Pogoń Szczecin → Sempre competitivo, mas raramente campeão absoluto. Lembra Fluminense em momentos medianos ou até o Botafogo.
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Radomiak Radom → Clube menor, com chegada recente à Ekstraklassa. O destaque brasileiro é Guilherme da Gama Zimovski, nascido no Brasil e também polonês, que atua como atacante/ponta. (Transfermarkt)
Ele tem dupla nacionalidade e é um exemplo de como Brasil e Polônia já se misturam no futebol. Em outro artigo falaremos com mais detalhes dos brasileiros na Ekstraklassa.
Além de Guilherme Zimovski, outros brasileiros já atuaram na Polônia:
- Cléber Guedes de Lima no Wisła Kraków (Wikipedia)
- Guilherme no Legia Warszawa (Wikipedia)
- Luís Carlos no Zawisza Bydgoszcz (Wikipedia)
- Saulo Pereira de Carvalho no ŁKS Łódź e Polonia Gdańsk (Wikipedia)
Esses são só alguns para mostrar que o intercâmbio é real.
Ranking de ligas: Polônia crescendo, Brasil consolidado
Para dimensionar o cenário, vale olhar os rankings internacionais:
- O Campeonato Brasileiro costuma figurar entre as 10 ligas mais fortes do mundo, segundo critérios como desempenho de clubes em torneios continentais, estrutura, qualidade, receita e visibilidade internacional.
- A Ekstraklassa ainda não rivaliza em nível financeiro ou de marketing, mas vem crescendo no ranking da UEFA, alcançando em torno da 25ª posição entre as ligas europeias.
- A Polônia, com menos recursos, já consegue atrair talentos, organizar estádios modernos e estimular rivalidades locais. É um mercado de futebol em ascensão, pequeno mas ambicioso.
Enquanto o Brasil tem escala, amplitude e tradição incontestável, a Polônia oferece um ambiente onde a superação aparece em cada campeonato: times médios brigando por vaga, surpresas e reviravoltas.
Conclusão
A Ekstraklassa é menor, sim, mas vibrante e cheia de histórias. Para quem vive no Brasil, é como encontrar um “Brasileirão europeu reduzido”: menor escala, menos recursos, mas identidade forte.
No futuro vamos mergulhar em um artigo inteiro sobre brasileiros que jogaram na Polônia (como Guilherme Zimovski, Cléber, Guilherme, Luís Carlos e outros).